Setembro Amarelo
Desde 2015, o Brasil acolhe o movimento “Setembro Amarelo”, que surgiu com o objetivo de dar visibilidade à temática do suicídio. Embora o número de casos tenha diminuído cerca de 30% nas últimas 3 décadas, ainda é a segunda principal causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos.
Como o suicídio é um ato evitável, a abertura ao diálogo e a compreensão das razões que levam alguém a tirar a própria vida podem reverter esse quadro. Além disso, o suicídio pode atingir pessoas de qualquer faixa etária, incluindo crianças, por isso é preciso ter atenção redobrada a qualquer mudança de comportamento.
Vamos entender melhor sobre a importância do diálogo sobre suicídio e como o Setembro Amarelo vem ajudando na sua prevenção.
O suicídio ainda é um tabu
O suicídio vem, essencialmente, de um estado depressivo, que pode ser causado por inúmeros gatilhos internos e externos. E mesmo com números cada vez mais altos, o assunto ainda é considerado um tabu para muitas pessoas.
Tendo em vista que tirar a própria vida é uma decisão extrema para fugir do que é considerado um problema sem solução, a melhor forma de evitá-lo é detectar quando a possibilidade existe e agir a tempo.
É comum que os pais evitem falar sobre suicídio com os filhos, na tentativa de minimizar a importância percebida pelo adolescente de um determinado problema que observam, ou mesmo pelo fato de os filhos não darem abertura suficiente para que o assunto seja discutido.E não são só as crianças e adolescentes que não conversam sobre o assunto: pessoas de qualquer idade podem ter um bloqueio de falar sobre algo tão importante, como se abordar o assunto fosse deixá-lo em evidência na cabeça de quem está depressivo.
Porém, a conversa pode abrir novas perspectivas e até alertar a outra pessoa para tomar medidas mais drásticas para solucionar a situação. Por isso é tão importante que a sociedade como um todo, família, amigos, escola e grupos de trabalho, esteja atenta aos menores sinais, disposta e preparada para discutir o tema e encaminhar a pessoa para um tratamento que trará um novo olhar sobre a vida e a vontade de prosseguir.
Perceber os menores sinais pode fazer a diferença
Muitas vezes, o diálogo até acontece, porém quem ouve pode não estar preparado e não sabe como reagir quando ouve uma pessoa falar que não tem mais vontade de viver e que, muitas vezes, tem vontade de tirar a própria vida. Quando não estamos preparados, podemos não dar a atenção devida a essa fala tão séria.
Além de não ignorar esse tipo de fala, é preciso estar atento a outros sinais que podem indicar a depressão e a vontade de cometer suicídio. Confira alguns dos sintomas que devem ser acompanhados e levados a sério:
- tristeza persistente;
- postagens relacionadas a suicídio ou depressão profunda nas redes sociais;
- perda de interesse em atividades que antes davam prazer;
- fadiga;
- falta de energia;
- alteração no sono;
- irritabilidade;
- alterações no apetite;
- choro sem razão aparente;
- ideias de morte;
- dores e sentimento de inutilidade.
Acompanhe e observe mudanças comportamentais
Como dissemos, o comportamento suicida é decorrente de uma série de fatores e, ao contrário do que muita gente pensa, esse é um ato construído, e a vítima dá vários sinais de que precisa de ajuda.
Conhecer esses sinais contribui muito para a prevenção. Se a escola perceber que um aluno está expressando pensamentos sobre querer morrer, se ele fala que não tem motivos para viver, comenta sobre se sentir preso ou aparenta tristeza frequenta, é preciso alertar os pais imediatamente e sugerir que encontrem apoio profissional.
É possível que o rendimento escolar também comece a cair, seguido de uma tendência ao isolamento, postura corporal retraída ou agressividade anormal. Vale ainda investigar se ele está sofrendo algum tipo de violência ou discriminação na escola e fora dela.
Ao notar esses sintomas, é preciso aumentar a vigilância. Para crianças pequenas, isso pode ser mais fácil, já que são menos independentes. No entanto, com adolescentes, o esforço pode ser bem maior.
Também é muito importante que os pais e a escola estejam atentos ao paradeiro do aluno. Mas não se deve impedir que ele envie mensagens de texto pelo celular ou use as redes sociais, isso é interação social normal neste momento.
É interessante que pessoas próximas marquem presença nas redes sociais que eles usam nesses canais de comunicação para ficar por dentro do que estão fazendo e ter ciência das pessoas com quem se relacionam. No entanto, aí deve ser estabelecida uma relação de confiança e a privacidade deles deve ser respeitada. Inspecioná-los não é a melhor saída, pois, caso descubram, poderão se sentir traídos. É preciso estar com eles, não contra eles.
Quando estiver com a família, é importante criar oportunidades de se envolver com eles com frequência, como durante as refeições ou passar tempo juntos durante a semana, certificando-se de que permaneça conectado à família e aos amigos para evitar isolamento ― incentivo que também é inerente à escola.
Ao trabalhar a gestão das emoções, a escola contribuirá para que ele saiba perceber como lidar com momentos de tristeza, bullying e mesmo se colocar diante de uma situação que o prejudique.
Diante de um possível comportamento suicida, os pais e a escola precisam assumir uma supervisão conjunta. Portanto, é crucial que funcionários e professores estejam familiarizados e atentos a fatores de risco e sinais de alerta. Toda a equipe da escola deve trabalhar para criar um ambiente onde os alunos se sintam seguros compartilhando essas informações, bem como manter os pais informados sobre seu comportamento no ambiente educativo.
Com isso, o relacionamento estreito entre a escola e a família é importante para que exista boa comunicação, o apoio correto, com ações de enfrentamento e resolução de problemas, incluindo resolução de conflitos.
Se você conhece alguém que tem sintomas de depressão, fala frequentemente sobre morte ou apresenta algum dos comportamentos apontados acima, não hesite em orientar essa pessoa a procurar ajuda especializada.
Você pode salvar uma vida.
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